Química
Os tecidos sintéticos revolucionaram a indústria e hoje recebem várias aplicações, estando no dia-a-dia das pessoas. Para que isso acontecesse, porém, primeiro foi necessário entender o funcionamento dos plásticos (ou polímeros), para então criar fios maleáveis, mas resistentes.
[Um dos produtos feitos com tecidos sintéticos. Imagem: Andrew Beatson / Pexels | Reprodução] |
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A PRIMEIRA FIBRA SINTÉTICA
A DuPont de Nemours desenvolveu a primeira fibra sintética na década de 1930. Era um xarope espesso, com fios elásticos e lustrosos, porém muito quebradiço e que se solidificava a baixas temperaturas.
Ainda naquela década, em 1937, novos produtos foram sendo desenvolvidos, até a DuPont chegar ao nylon, que seria o "eleito" como fibra sintética a ser usada. A produção começou em 1935, pela equipe de Wallace Carothers, químico da DuPont. O início das vendas se deu, por sua vez, com escovas de dente, em 1938. Depois vieram as linhas de pesca, pára-quedas, suturas cirúrgicas e tapetes.
ANTES DO NYLON, OS POLÍMEROS
Ao falarmos de fibras sintéticas, precisamos voltar um pouco atrás. É mais difícil ouvirmos falar de polímeros no cotidiano, mas de plásticos.
O nome "plástico" remete a algo que ao ser moldado ou sofrer pressão, muda de forma. Isso nem sempre é verdade, pois alguns materiais sintéticos são elásticos.
Mais preciso seria falar em polímeros. "Polys" significa "muitos" e "meros", partículas, do grego. A primeira pessoa a trabalhar com eles foi o químico alemão Adolf von Baeyer (1835-1917), e viu a possibilidade de moldar com o aquecimento e depois que ficava algo rígido ao esfriar. Foi preciso que ele e outros pesquisadores aprendessem a entender o que eram polímeros e fatores que controlam suas propriedades.
A I.G. Farben, na Alemanha, foi uma das empresas que apostaram em polímeros. Com um grupo de vinte e sete cientistas, em 1927, promoveu pesquisas em polímeros como o poliestireno. No ano posterior, seria a vez da DuPont e Carothers começarem. Falaremos dele mais tarde.
O NYLON OU NÁILON
O nylon é uma mistura de ácido adípico e hexametilenodiamina. Tanto esse ácido como a amina possuem cadeias com seis carbonos, o que leva a uma longa cadeia carbônica, com doze carbonos. Maiores cadeias carbônicas levam a propriedades físicas como aumento dos pontos de fusão e ebulição, o que evita aqueles defeitos das primeiras fibras sintéticas.
[Formação do nylon. Imagem: Mundo Educação | Reprodução] |
Há dois meios de fabricar nylon. Num deles, moléculas com um grupo ácido (COOH) em cada fim são postas para reagir com moléculas NH2 na extremidade. O nylon resultante será chamado conforme os átomos de carbono que separam os grupos ácido e amina. Nesse tipo de fabricação, surge o Nylon 6,6, advindo do ácido adípico e da hexametilenodiamina.
Também se forma, durante o processo, o sal nylon. Ele é seco e aquecido em vácuo para eliminar água e formar o polímero.
A segunda forma de se obter nylon é usando um composto contendo amina num lado e ácido no outro que, pela polimerização, forma uma cadeia com meros de (-NH-[CH2]n-CO-)x. Se n=5, o nylon se chamará Nylon 6.
Nesses dois casos, a poliamida é manipulada depois de esfriar. A partir dessa manipulação, adquire as propriedades necessárias ao uso. Depois da polimerização, faz-se um processo de combinação das moléculas e se forma uma substância fundida, disposta em fileira e exposta ao ar pela primeira vez, o que promove o endurecimento.
Com fios endurecidos, é possível enrolar em bobinas. As fibras são tracionadas (esticadas), visando criar força e elasticidade. Essas fibras são então desenroladas e postas enroladas em bobinas menores, o que dispõe as moléculas em paralelo e permite os mais diversos usos, ou trançando as fibras, ou pelo derretimento para compor novos produtos.
QUEM ERA CAROTHERS?
Wallace Hume Carothers era professor de Química Orgânica na Universidade de Harvard. Com trinta e dois anos de idade, ele tinha fama pelas pesquisas sobre ligações químicas em moléculas orgânicas. Isso o destacou aos olhos da DuPont, que o contratou.
Num de seus laboratórios, ficou atento a uns fios de xarope manejados pelo colaborador Julian Hill, em 1933. Mesmo sem existir ainda uma aplicação para aquilo ou o desenvolvimento suficiente, Wallace disse num congresso que havia uma chance de se obter fibras úteis de materiais sintéticos.
Demorou um pouco, surgiram novidades pelo caminho (como o neoprene) e depois o tecido sintético nylon, após um considerável investimento de vinte milhões de dólares. Trocar a pesquisa acadêmica pelo meio industrial também rendeu frutos a Carothers, em termos financeiros. O grande problema foi que ele não conseguiu lidar bem com as pressões, sofreu psicologicamente e se suicidou em 1937, aos 41 anos.
O NYLON POPULARIZADO
Depois do trágico episódio de Wallace Carothers, a DuPont seguiu com as pesquisas e deu continuidade ao desenvolvimento do produto, que fez muito sucesso. O nome nylon, inclusive, veio de concurso popular.
Por teste, meias de nylon foram inseridas numa loja de Wilmington, cidade sede da DuPont, sem muito alarde. O produto foi descoberto, muitos peregrinaram para comprar por lá, até que se viu o acerto e lojas de todo o país passaram a vender.
Em 1941, com a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, arrefeceu esse mercado pela necessidade de priorizar artefatos de guerra. Paraquedas, suturas e mortalhas demandaram muito nylon.
Findando a guerra, em 1946, voltaram a surgir mercadorias em nylon. Com a loucura das consumidoras, era preciso haver escolta nas lojas. Antes disso, novas consumidoras frenéticas surgiriam na Europa em função do mercado negro.
No pós-guerra, a DuPont não deu mais conta de produzir nylon sozinha e, além de mais fornecedores, novas opções de tecidos sintéticos foram surgindo: jersey de nylon nas lingeries, fibra acrílica onde se usava lã, poliéster ou tergal (da inglesa Imperial Chemicals) - famoso como o tecido que não amassa, elastano/lycra e vários outros. Muitas opções foram surgindo.
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A história é um pouco diferente, e não passa tão perto assim da indústria química. Na sugestão de post da linha azul 👇🏻, você descobre sobre o criador e a evolução da calça jeans:
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