Ciência & Saúde
As atividades de pesquisa são muito importantes para surgirem novas ideias e soluções. Mesmo nas que pareçam infrutíferas, algum detalhe importante pode surgir e indicar novas possibilidades de pesquisa que sejam frutíferas.
Os antibióticos surgiram nesse acaso. Uma cultura de bactérias que estragou numa pesquisa foi a chave para a descoberta, cujo nome só foi criado treze anos após Fleming conseguir o feito da descoberta.
Só nos quinze primeiros anos depois de os antibióticos começarem a ser usados em escala, um milhão e meio de estadunidenses deixaram de morrer precocemente, segundo o Departamento de Saúde daquele país. Nesse mesmo período, as mortes por febre tifoide no Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, baixaram de 14 a 0,7 %.
Vejamos só por esses números uma parte do sucesso da penicilina. Ao longo deste post iremos ver mais dessa história.
[Um remédio revolucionário. Imagem: Dobra Espacial | Reprodução] |
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A PESQUISA QUE PARECEU NÃO DAR CERTO
Alexander Fleming era um simpático senhor escocês que há mais de noventa anos trabalhava no laboratório do Hospital St. Mary, de Londres. Em 1928, o verão londrino foi muito intenso, e isso fez com que se desenvolvesse um fungo verde na cultura de Staphylococcus aureus, bacilo que causa infecção generalizada.
Esse fungo era o Penicillium notatum. Ao isolá-lo, Alexander percebeu que esse fungo tinha uma substância que mata várias bactérias que comumente infectam o homem. Não é uma morte direta, mas um mecanismo que inibe a produção das moléculas orgânicas que formam a membrana da bactéria. Durante a reprodução celular, essa membrana vai se tornando mais fina nas células-filhas até que estoura, deixando escapar citoplasma do interior.
COMO OBTER MAIS PENICILINA?
Para usar a penicilina como remédio, seria preciso obter quantidades satisfatórias para sua aplicação. Alexander Fleming, então, passou a comprar qualquer coisa mofada que encontrasse, como galochas e tecido velho de guarda-chuva. Isso, no começo, gerou até piadas, mas depois foi um esforço recompensado.
Dez anos após ser descoberta a penicilina, foi possível obter 1 g de substância pura. Esse esforço viria também de colaboradores da Universidade de Oxford e de colegas de Fleming: o alemão naturalizado inglês Ernst Boris Chain e o australiano Howard Florey. Alexander recebeu o título de sir. pelo Rei Jorge VI e, junto com Chain e Florey, o Nobel de Medicina em 1945 pela descoberta e aplicação do antibiótico.
MORTE E VIDA, GUERRA E PENICILINA
Florey e Chain isolavam a penicilina em Oxford e, enquanto isso, estourou a Segunda Guerra Mundial. Um evento de guerra desse porte traria muitos feridos, o que acabou fazendo com que o remédio precisasse ser desenvolvido e usado largamente, estimulando esse avanço.
Os laboratórios fizeram como Fleming: buscaram os fungos por todos os lugares. Nessa busca, descobriram que melões podres eram uma ótima fonte. Uma funcionária do laboratório Northern Regional Research chegou a ser incompreendida também, pois procurava as frutas mais velhas e estragadas dos quitandeiros de Peoria, Illinois, EUA.
Apesar de ser considerada excêntrica, eles sentiriam sua falta depois. Foi possível, mais tarde, produzir Penicillium notatum em grande escala em tanques de fermentação e, por fim, variedades sintéticas laboratoriais.
Também durante a guerra, em 1944, o bioquímico russo naturalizado estadunidense Selman Waksman anunciou a estreptomicina, antibiótico contra a tuberculose e outras moléstias. Essa descoberta lhe rendeu o Nobel de Medicina em 1952. Ele foi o criador da palavra "antibiótico", que seria a vida contra a vida, ou melhor, medicamentos de substâncias vivas que combatem outras substâncias vivas.
VÍTIMAS DO PRÓPRIO SUCESSO
Remédios possuem efeitos colaterais e adversos. Além de destruir patógenos, podem destruir bactérias da flora intestinal, provocarem alergias, problemas nos rins, perturbações no fígado, aparelho digestivo e sangue. Em crianças, antibióticos das tetraciclinas podem enfraquecer os ossos e manchar o esmalte dentário e em gestantes, promover má-formação dos embriões.
Existe um efeito indesejado no uso indiscriminado de antibióticos, que é o aumento das bactérias resistentes. Isso fez com que se tornasse obrigatório (no Brasil) que a compra seja com receita médica.
Novos antibióticos surgem e, ao mesmo tempo, bactérias que são resistentes. Em bilhões de bactérias, morrem as mais vulneráveis, o que fazia com que, até os anos de 1960, cientistas acreditassem que seleção natural explicasse tudo. Também existe a transferência de fatores de resistência de uma bactéria para outra na mesma geração - plasmídeos (partículas de DNA) carregam informações genéticas entre bactérias e servem de defesa a elas ao ativarem a produção de enzimas que bloqueiam a ação de antibióticos.
Alexander Fleming viveu até 1955, aos setenta e quatro anos, onde ainda procurava objetos mofados para extrair penicilina. Depois dele, o legado dos antibióticos seguiu e foi sendo aprimorado para conter os malefícios do uso desenfreado e o contra-ataque dos plasmídeos. Alguns não apenas enfraquecem a membrana bacteriana, mas inibem as enzimas que permitem resistir ao antibiótico. A Medicina segue evoluindo, para vencer a luta contra o que pode ameaçar a vida humana.
EFEITOS COLATERAIS E ADVERSOS
Efeitos colaterais e adversos não estão apenas nos antibióticos, mas em todos os medicamentos. Na sugestão de post da linha azul 👇🏻, você pode entender mais a respeito:
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👉 O que são efeitos colaterais e adversos?
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