Literatura
O livro Aparecida: A biografia da santa que perdeu a cabeça. Ficou negra, foi roubada,
cobiçada pelos políticos e conquistou o Brasil, foi escrito pelo jornalista
Rodrigo Alvarez, correspondente da Rede Globo no Oriente Médio, publicado pela
editora Globo Livros e lançado em setembro de 2014.
[Imagem: Reprodução] |
Em duzentas e trinta e nove páginas, Rodrigo
Alvarez conta a história e acontecimentos da padroeira do Brasil, Nossa Senhora
da Aparecida, o maior símbolo de fé católica brasileira. O livro é dividido em
quatro partes, confira um resumo de cada uma delas:
ATENTADO E MISTÉRIOS: O RENASCIMENTO
Esse o tema dos capítulos um ao nove, onde é
contado o atentado que a santinha sofreu em 1978, onde um jovem fanático
destruiu completamente a imagem. Durante o decorrer desses capítulos, Alvarez
fala como o foi o processo de restauração feito por uma restauradora do MASP.
Outra coisa que chama a atenção nesses nove
primeiros capítulos foi o porquê de os evangélicos não cultuarem imagens de
santos. Usando fatos da Bíblia, Rodrigo fala que quando Moisés recebeu os dez
mandamentos (mas na verdade eram seis), que no segundo mandamento, Deus teria
pedido para que os homens não venerassem imagens, pois isso é uma tradição das
religiões pagãs. Foi com essa informação da Bíblia que Martinho Lutero começou
a reforma protestante no século XVI, que levou à divisão no cristianismo.
IDENTIDADE: APARECIDA
Na segunda parte do livro, que vai do
capítulo dez ao dezesseis, começa a
história de como foi encontrada a imagem nas águas do Rio Paraíba do Sul, na
cidade de Guaratinguetá, em 1717. O fato mais curioso é que a imagem de Nossa
Senhora de Aparecida é na verdade Nossa Senhora da Conceição, que é padroeira
de Portugal.
Como o Brasil era colônia de Portugal, e por
meio de Dom João IV, Nossa Senhora da Conceição foi declarada padroeira de
Portugal e de suas colônias, nesse caso incluía o Brasil. A devoção por Nossa
Senhora da Conceição foi trazida pelos portugueses, mas quando a imagem da
santa foi encontrada por três pescadores ela estava quebrada em duas partes:
cabeça e corpo. Diz que quando ela foi encontrada a pescaria que não tinha
nenhum peixe pescado, começou a fartura da pescaria. O pescador que pescou
Nossa Senhora não quis ficar com a santa, pois se acreditava que uma imagem de
santo quebrada trazia má sorte. Mesmo assim um outro pescador levou a santinha
para casa, construiu um pequeno altar para ela e com passar do tempo os
milagres foram acontecendo. Como muita gente não sabia que santa era, ela
recebeu o nome de Nossa Senhora de Aparecida.
TREVAS E REDENÇÃO
A terceira parte do livro que vai do
capítulo dezessete ao vinte e cinco, aconteceu quase toda no século XIX, foi
quando a santa começou a ficar conhecida pelos seus milagres e passou a ser
cuidada pela Igreja Católica. A fé e as graças alcançadas faziam que as pessoas
fossem até a região de Guaratinguetá visitar a imagem da santa milagrosa. Como
forma de gratidão, os fiéis deixavam ex-votos em dinheiro para a santa, mas
responsáveis pelo local onde a imagem ficava embolsavam o dinheiro. Vale a pena
ressaltar que naquela época o Estado mandava na Igreja, por isso não foram os
padres que ficaram com o dinheiro, mas sim responsáveis que eram nomeados pelo Estado.
Outro ponto dessa parte do livro indica que
padres da Alemanha vieram para Aparecida porque anos antes o Estado os expulsou
da Companhia de Jesus, os jesuítas, do país. Eles foram acusados de
enriquecimento e estavam se tornando poderosos demais e poderiam ser um risco
para os poderosos alemães. Esses padres reorganizaram a paróquia de Aparecida,
colocando as coisas nos seus devidos lugares.
A RAINHA, OS PAPAS E OS PRESIDENTES
A última parte do livro, que vai do capítulo
vinte e seis ao trinta e cinco, começa na época da Proclamação da República até
os dias atuais. No final do século XIX a princesa Isabel, filha do imperador
Dom Pedro II, não conseguia engravidar. Era muito religiosa, rezando para a
santa e teve seu pedido atendido, que era ser mãe.
Tanto a Revolução de 1930 como o golpe
militar de 1964 tiveram o apoio da Igreja Católica, sendo que nessas épocas a
santinha deixou a cidade de Aparecida e percorreu as principais cidades do
país, para ser consolidada como padroeira do Brasil. O livro encerra falando
das visitas que os três últimos papas, João Paulo II, Bento XVI e Francisco
fizeram para vê-la - todos eles tocaram e beijaram a imagem da santa.
Durante o livro você encontra notas
numeradas sobres alguns fatos que você conferir no final do livro, de onde o
autor tirou as informações. No meio dele você também encontra fotos que mostram
um pouco da história da santa. É o resultado de três anos de pesquisas, no meio
tempo onde Rodrigo Alvarez foi transferido de correspondente de Nova York para
Jerusalém.
Há mais fatos que poderia contar, mas
mostrei algumas partes que eu achei interessante para você ler nesse ótimo
livro. Foi um dos livros mais prazerosos que já li em minha vida. Vale a pena
ler esse livro, principalmente se você for católico ou jornalista para conferir
um texto muito bem escrito e gostoso de ler. Isso mostra que os jornalistas têm
mais funções além de escrever uma matéria jornalística - que podem ser bons
escritores como Caco Barcellos e o próprio Rodrigo Alvarez.
Esse é o segundo livro do jornalista. O
primeiro foi Haiti, depois do inferno
lançado pela Globo Livros em 2010.
ESTE É UM ARTIGO ESCRITO POR MATEUS ROSA,
jornalista formado pela UNIFACVEST de Lages/SC. Originalmente, este texto
pertencia ao blog Mundo em Pauta, que atualmente faz parte do Blog do Mestre.
Mateus Rosa ainda é autor do Repórter Riograndense, site que trata da cultura
gaúcha envolvendo curiosidades, tradicionalismo e a agenda local.
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👉 E ainda mais
para você: A
História de Nossa Senhora Aparecida
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