A Música da Morte, a nebulosa,
estranha, imensa música sombria,
passa a tremer pela minh’alma e fria
gela, e fica a tremer, maravilhosa...
Onda nervosa e atroz, onda nervosa,
letes sinistro e torvo da agonia,
recresce a lancinante sinfonia,
sobe, numa volúpia dolorosa...
Sobe, recresce, tumultuando e amarga,
tremenda, absurda, imponderada e larga,
de pavores e trevas alucina...
E alucinando e em trevas delirando,
como um ópio letal, vertiginando,
os meus nervos, letárgica, fascina...
SOUSA, Cruz e.
(In: Obra Completa. Rio de Janeiro:
Aguilar, 1961, página 129)