O sensacionalismo e as coberturas especiais

Cultura e Comportamento


Nos episódios marcantes que ocorreram no ano passado, como a tragédia da Chapecoense ou a morte do ator Domingos Montagner, pudemos ver posturas bem distintas e algumas surpresas na forma como as emissoras de televisão os abordaram. Independente da forma, o comportamento do público guiou a postura adotada.

http://www.oblogdomestre.com.br/2017/01/CoberturasEspeciais.Sensacionalismo.TV.html
[Velório na Arena Condá. Imagem: El País]


Dentre as principais emissoras do país, a Record TV foi a que menos destoou de seu padrão habitual. Acostumada a usar e abusar de sensacionalismo para conseguir sua audiência, estendendo-se por horas com algo que poderia ser contado em dois minutos (não estamos falando de ganchos eventuais para prender o telespectador), permaneceu na mesma linha. A grade com bastantes jornalísticos não sofreu muitas alterações.

Porém a alta audiência que a emissora conseguiu com algumas coberturas extensas fez com que a TV Globo revisse a forma de conduzir suas coberturas. Se houve audiência e interesse para as coberturas “especiais” na concorrente, o mesmo poderia ser válido para ela. Assim, vimos a Globo passar a mudar a programação e inserir jornalismo em programas de entretenimento, transmitir cerimônias de velório na íntegra, dentre outras coisas. Apenas as telenovelas permanecem soberanas na grade.

Com bons resultados nas novas coberturas, a TV Globo viu sua audiência subir, sem ser ameaçada pela Record TV (que manteve seus índices nos patamares habituais). Por outro lado, o telespectador habitual acabou um tanto cansado, por não ser tão habituado ao sensacionalismo. No caso da cobertura do acidente com a Chapecoense, ainda houve a tristeza por perder jornalistas, mas o tom adotado pesou em alguns momentos.

Já o SBT, querendo firmar uma postura de emissora do entretenimento, adotou uma estratégia extremamente oposta: não fez cobertura “especial” e nem plantões do jornalismo. Apesar de ter obtido bons resultados em termos de audiência, a emissora também acabou arranhada pelo lado oposto, o do descaso. Existe um interesse, há comoção pública ou mesmo curiosidade nessas situações, e parece que ao assistir o SBT você está perdido no tempo atual, infelizmente. Exceção seja feita, com todas as honras, ao programa de Cabrini.

Ao noticiar fatos, as emissoras citadas e as demais precisarão reavaliar alguns pontos e observar os limites da notícia, quando é relevante e em que tempo apresentar. Infelizmente, em função da audiência (que é o bem e o mal dos meios de comunicação escritos e falados), vemos casos extremos entre o excesso e o nada.





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