Cultura e Comportamento
Nos episódios marcantes que ocorreram no ano
passado, como a tragédia da Chapecoense ou a morte do ator Domingos Montagner,
pudemos ver posturas bem distintas e algumas surpresas na forma como as emissoras
de televisão os abordaram. Independente da forma, o comportamento do
público guiou a postura adotada.
[Velório na Arena Condá. Imagem: El País] |
Dentre as principais emissoras do país, a
Record TV foi a que menos destoou de seu padrão habitual. Acostumada a usar e
abusar de sensacionalismo para conseguir sua audiência, estendendo-se por horas
com algo que poderia ser contado em dois minutos (não estamos falando de
ganchos eventuais para prender o telespectador), permaneceu na mesma linha. A
grade com bastantes jornalísticos não sofreu muitas alterações.
Porém a alta audiência que a emissora
conseguiu com algumas coberturas extensas fez com que a TV Globo revisse a
forma de conduzir suas coberturas. Se houve audiência e interesse para as
coberturas “especiais” na concorrente, o mesmo poderia ser válido para ela.
Assim, vimos a Globo passar a mudar a programação e inserir jornalismo em
programas de entretenimento, transmitir cerimônias de velório na íntegra,
dentre outras coisas. Apenas as telenovelas permanecem soberanas na grade.
Com bons resultados nas novas coberturas, a
TV Globo viu sua audiência subir, sem ser ameaçada pela Record TV (que manteve
seus índices nos patamares habituais). Por outro lado, o telespectador habitual
acabou um tanto cansado, por não ser tão habituado ao sensacionalismo. No caso
da cobertura do acidente com a Chapecoense, ainda houve a tristeza por perder
jornalistas, mas o tom adotado pesou em alguns momentos.
Já o SBT, querendo firmar uma postura de
emissora do entretenimento, adotou uma estratégia extremamente oposta: não fez
cobertura “especial” e nem plantões do jornalismo. Apesar de ter obtido bons
resultados em termos de audiência, a emissora também acabou arranhada pelo lado
oposto, o do descaso. Existe um interesse, há comoção pública ou mesmo curiosidade
nessas situações, e parece que ao assistir o SBT você está perdido no tempo
atual, infelizmente. Exceção seja feita, com todas as honras, ao programa de
Cabrini.
Ao noticiar fatos, as emissoras citadas e as
demais precisarão reavaliar alguns pontos e observar os limites da notícia, quando
é relevante e em que tempo apresentar. Infelizmente, em função da audiência
(que é o bem e o mal dos meios de comunicação escritos e falados), vemos casos
extremos entre o excesso e o nada.
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