Quando estamos falando em machismo ou em
feminismo, a discussão existente sobre este tema vai além de dar direitos às
mulheres ou contestar que elas tenham estes direitos. A humanidade evoluiu ao longo
dos tempos sob diferentes aspectos, desde os tempos em que força física era
requisito para sobrevivência, até os tempos modernos, onde as maiores
capacidades intelectuais imperam; mas não evoluiu na forma com que vemos,
educamos e tratamos as pessoas, onde muitos rótulos ainda existem por conta de
gênero.
[Imagem: Portal Geledes] |
Indignada
com certos acontecimentos ao longo de sua vida pessoal e em seu curso de graduação
em jornalismo, a estudante catarinense Manuela Teccio fez mais uma das muitas
sátiras sobre a temática ‘machismo versus feminismo’ por meio de uma
canção chamada ‘A Louca’. Com duas semanas de publicação de um vídeo com a
música, foram nada mais e nada menos do que 73 mil visualizações, onde
novamente este tema entrou em voga nas mais calorosas discussões.
“Ouça bem, mulher/
mude logo sua conduta/
que essa moda feminista/
é um jeito chique de ser p*ta.”
Alguma
pessoa que veja estes versos pode pensar que se trata de uma indignação
motivada por algum comentário machista ao longo do curso universitário, mas o tema
não se restringe a isso. Por outro lado, também não é certo falar que a
realidade ideal é a oposta à de muitos anos atrás, como cantam os sertanejos
Teodoro & Sampaio:
“Quem vai mandar no mundo/
Eu sei quem é/
Quem vai mandar no mundo/
é a mulher.”
Não
se trata de colocar um gênero ou outro no comando, quando o que se quer é
igualdade. Igualdade de salários para as mesmas funções, em uma mesma empresa,
pois a capacidade intelectual não se define pelo sexo; igualdade de oportunidades,
onde vagas de emprego definem ‘perfis mais adequados’; igualdade na formação,
onde homens e mulheres devem ser ensinados a valorizar e respeitar a família e
respeitar uns aos outros; enfim, criar-se uma cultura onde o ser humano é
criado consciente de suas capacidades e potencialidades, onde as diferenças de
gênero sejam evidenciadas apenas quando realmente existirem. Mulheres têm, por
natureza, a capacidade de gerar, dar amor e carinho por toda a vida aos seus
filhos, enquanto que os homens podem trazer uma grande contribuição aos seus filhos,
transmitir força e coragem... Mas ambos têm de estar conscientes que só se
constrói quando um se junta ao outro e reconhece seu valor. Não atrás, mas ao
lado de um grande homem sempre pode existir uma grande mulher, ou, ao lado de
uma grande mulher, sempre pode existir um grande homem (mas isso não é
obrigatório!).
Abordando
de forma muito inteligente esta temática, uma referência quando se fala no tema
é Chimamanda Ngozi Adichie. Nascida na Nigéria, já teve livros traduzidos para
mais de trinta línguas, e ela teve ainda outras participações em New Yorker,
Granta, O. Henry Prize Stories, Financial Times, e Zoetrope. Sua
última obra, a qual já foi imensamente elogiada, foi Americanah,
publicada em 2013, tendo entrado na lista do The New York Times como um
dos dez melhores livros do ano.
Em
uma edição da TEDxEuston, que é um evento organizado para discutir ideias sobre
as mais diferentes temáticas, organizado por um time de profissionais nigerianos,
britânicos, indianos, estadunidenses e muitos outros; houve uma palestra que
chamou a atenção do mundo e que foi proferida por Chimamanda, cujo título,
traduzindo para o português, seria: Todos nós deveríamos ser feministas.
Falando-se assim, com todas estas pomposidades, parece que o assunto é tratado
de forma teórica e apenas para especialistas no assunto, mas não o é. Como
antes mencionado, Adichie sabe abordar de maneira inteligente todas as facetas
do tema machismo e feminismo com exemplos que envolvem o seu cotidiano na
Nigéria, mas que são aplicáveis a muitos locais ao redor do mundo, incluindo o
Brasil. Segundo ela, não se trata de questão cultural, pois “Cultura não faz pessoas,
mas pessoas fazem uma cultura”.
Por
fim, veja abaixo o vídeo com a íntegra da palestra de Chimamanda, em inglês e
com legendas em língua portuguesa, e amplie seus horizontes a respeito do tema:
[Vídeo:
Tsuki]
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