A máxima popular usada para designar
pessoas falsas e mentirosas teve sua origem há muito tempo: remonta ao auge da
mineração em nosso país. Como sabemos, a sede por riquezas dos países colonizadores
sempre foi grande e por aqui a coisa não foi muito diferente.
[Santinho-do-pau-oco: um
dos primeiros jeitinhos brasileiros. Foto: Blog do Pavan]
De todas as riquezas obtidas com a
extração de ouro em Minas Gerais (principalmente), Mato Grosso e Goiás entre os
séculos XVII e XVIII, um quinto ou 20% (o que justifica o nome do imposto: ‘O
Quinto’) deveria ser pago como forma de imposto à coroa portuguesa. A carga
tributária em nosso país seguiu alta (há estudos atuais que apontam que o
governo recebe cerca de 17% de tudo o que é produzido por uma empresa, ou seja,
a coisa não mudou muito. E mais, no geral, o pagamento de impostos pelos brasileiros
chega a comprometer mais de 40% do PIB) e, como sempre, surgiu um jeitinho de
driblar a cobrança de impostos: confeccionar imagens de santos católicos em madeira,
ocos, que poderiam ser recheados com ouro em pó ou algum tipo de pedra preciosa.
Estas imagens passavam pela fiscalização da coroa sem que fossem percebidas.
Todo o ouro extraído nas minas deveria ser
levado para as casas de fundição / intendência, onde se recolhia o quinto e se
realizava o beneficiamento em barras do ouro e demais metais. Além deste
imposto, também existiu a derrama, que complementava as dívidas dos mineradores
para com a coroa. Mesmo antes do ciclo do ouro, desde o processo de colonização,
já foi determinado pela coroa que qualquer riqueza extraída em solo brasileiro
seria submetida à taxação, pois era claro o interesse nesse tipo de riqueza,
que demorou a ser descoberta, havendo antes os ciclos do pau-brasil e do açúcar.
Outras pesquisas históricas também constataram
que o santinho-do-pau-oco foi uma forma que os negros escravizados buscaram
para conseguir conquistar a liberdade, por meio da compra da carta de alforria,
após guardarem vários carregamentos de ouro. Por algum tempo, outras
práticas foram: guardar pedras de diamante escondidas em seus cabelos ou em
outras regiões do corpo, em vasos de barro, etc. Outra versão histórica, menos
difundida, é a de que imagens de santos recheados de dinheiro falso teriam
vindo de Portugal para o Brasil, descrita por Câmara Cascudo.
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